A birra, ou pirraça como é chamada, nada mais é que a forma que normalmente as crianças encontram para mostrar que não estão satisfeitos com o que está acontecendo com elas.
As birras são manifestações comportamentais emitidas pelas crianças quando desejam algo.
Esses comportamentos que vemos e que quase deixa você enlouquecida por não saber o que fazer ou com vergonha do “que os outros vão pensar” e “o que vão falar”, tem função de comunicar que algo está em desacordo com o esperado pela criança.
Na realidade esse comportamento pode ter causas variadas. É preciso entender o motivo desse choro, dessa birra e então decidir atender ou não o pedido da criança.
A birra é a parte do comportamento que observamos e elas tem uma causa que a antecede e na maioria das vezes temos dificuldades de identificá-las.
E é importante também a consequência, o que acontece depois da birra, é ela que irá manter esse comportamento ou que irá diminuir a probabilidade de ocorrer novamente.
Por exemplo: alguma vez você foi tirar a criança do banho ou dos brinquedos e ela não queria sair de lá?
Provavelmente ela chorou, esperneou, se jogou no chão, enrijeceu o corpo não querendo sair.
Como o banho está gostoso, sair de lá não é nada legal. Então a criança chora. Se você deixa, ai fica entendido que “se choro, consigo ficar um pouco mais”. Na próxima vez que ocorrer, ele vai chorar mais, e se você tirar ele vai chorar mais ainda. É por isso que dizemos que as birras vem de forma mais elabora, eles ficam mais “insistentes”.
Para elas, tirar de algo que estava uma delícia, como o banho e não saber o que vai acontecer depois, causa uma angústia enorme. Ela está fazendo algo extremamente prazeroso e isso é retirado dela.
A criança pequena não tem um repertório verbal adequado para negociar e ficar um pouco mais, e com isso chora (faz birra). As crianças maiores já conseguem pedir para brincar um pouco mais, nisso, é importante manter o tempo combinado.
O choro é a forma da criança se comunicar com o adulto. Dessa forma, ela avisa que está com fome, cansada, com dor, triste, com raiva.
A birra vem no momento em que ela deseja muito algo que não foi atendido. É preciso entender que a birra não vem “do nada”, ela é um comportamento influenciada por um evento que aconteceu antes, e a forma como conduzimos produzirá as consequências.
Olhando assim parece ser fácil, não é? Mas na verdade as vezes fica difícil encontrar a causa de forma clara. Às vezes não é tão óbvio. É preciso ter sintonia com a criança, pois pode está relacionado com sensações e emoções que a criança está vivenciando e ela não sabe como lidar.
E então como controlar as birras?
1 – Fazer combinados
É possível fazer combinados com a criança antes, por exemplo na ida ao supermercado: “estamos indo comprar ‘x’ coisa, hoje não tem chocolate/brinquedo” ou “vamos tomar um banho e depois vamos passear, não podemos demorar no banho”.
A criança pode no primeiro momento desejar, chorar, querer, mas o combinado deve permanecer e assim a consequência será estabelecida.
2 – Prever comportamentos
Prever o comportamento é uma boa forma de evitar as birras. Se diante de determinado ambiente a criança não fica bem, não é necessário que ela passe por todo estresse da birra.
É ideal conversar com a criança, prepará-la, dizer a ela o que você espera dela naquele momento.
Por exemplo, “hoje mamãe precisa levar você à uma reunião, talvez você não vai achar legal, eu te entendo. Mas preciso levar você, e gostaria da sua colaboração”. E essa “colaboração” pode variar e é importante ser específico e nomear com os termos que ela compreende.
3 – Orientação temporal
Bom, as crianças não tem noção do tempo, mas ajudá-las a criar a relação temporal, usar algum instrumento para mostrar o tempo e combinar previamente a duração que terá essa atividade e o que farão depois, ajuda a criança a compreender que ela precisa encerrar essa atividade e o que a espera depois.
4 – Ser coerente com as regras estabelecidas
Seja coerente com o combinado e com as prorrogações, por exemplo, quando permitir brincar por mais 5 minutos, seja fiel ao tempo marcado, assim a criança passa a criar relações com o tempo.
Vale ainda ressaltar empatia com o desejo da criança. No momento da birra, coloque se a mesma altura da criança e fale para ela que você compreende que ela gostaria de ficar mais tempo, ou que ela quer muito aquele objeto (brinquedo ou eletrônico), mas que naquele momento não é possível.
Às vezes um colo, um afago, uma conversa carinhosa são, por si só, ferramentas poderosas para acalmar sua criança.